Página inicialHistóriasUm aplicativo para celular para medir como as crianças vivenciam a violência
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Um aplicativo para celular para medir como as crianças vivenciam a violência

A percepção das crianças sobre a violência é um insumo essencial quando se trata de conceber, implementar e monitorar políticas e programas de prevenção. No entanto, suas opiniões e experiências raramente são coletadas sistematicamente, especialmente em locais de baixa renda. Agora, há uma maneira mais fácil de preencher essa lacuna de conhecimento.

A percepção das crianças sobre a violência é um insumo essencial quando se trata de conceber, implementar e monitorar políticas e programas de prevenção. No entanto, suas opiniões e experiências raramente são coletadas sistematicamente, especialmente em locais de baixa renda. Agora, há uma maneira mais fácil de preencher essa lacuna de conhecimento.

Desenvolvido pelo Instituto Igarapé, do Brasil, o Índice de Segurança Infantil (CSI – Child Security Index) é um aplicativo de smartphones de código aberto que provocou grande entusiasmo quando foi lançado em 2014. Venceu o prêmio Google Impact Challenge, teve ampla cobertura de mídia, da BBC até O Globo, devido a uma plataforma da TEDGlobal, e atraiu o interesse do Banco Mundial e UNICEF, entre outros.

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O CSI (Índice de Segurança Infantil) apresenta mais de 30 perguntas cuidadosamente desenvolvidas que os profissionais podem usar para coletar informações de crianças de 8 a 12 anos sobre suas percepções da violência cotidiana. O aplicativo permite aos usuários a documentação de tendências de violência doméstica, na escola e na comunidade, de acordo com dados geoespaciais e temporais. Esta informação pode ser usada por instituições públicas, ONGs ou outros defensores dos direitos da criança para moldar políticas públicas e engajar-se em ações de advocacy mais efetivas.

“Sabemos que a forma como os jovens percebem a violência e experimentam a insegurança é muitas vezes escondida”, diz o Dr. Robert Muggah, diretor de pesquisa do Instituto Igarapé. “Já estávamos experimentando novas tecnologias para prevenir a violência, e queríamos fazer algo em nível local para ajudar a aliviar o enorme fardo da violência no Brasil.”

A partir de 2011, Dr. Muggah começou a trabalhar em uma solução com a pesquisadora do Igarapé, Dra. Helen Moestue, epidemiologista com uma década de experiência em saúde pública, direitos da criança e violência. Eles primeiro prepararam uma revisão sistemática da literatura científica sobre violência contra crianças. A partir daí, selecionaram 30 perguntas que poderiam elucidar como as crianças experimentam a violência. Os dois pesquisadores trabalharam então com o engenheiro de software do Instituto Igarapé, Bruno Siqueira, no desenvolvimento do aplicativo usando Open Data Kit (ODK).

“É tudo bastante exploratório”, diz o Dr. Muggah. “Nós contamos com muitos especialistas de diferentes disciplinas – da neurociência à sociologia – para entender muitas das formas pelas quais as crianças experimentam a violência. Nossos parceiros têm sido absolutamente essenciais para refinar e testar a ferramenta.”

Entre 2012 e 2013 o Instituto Igarapé recebeu apoio da Fundação Bernard van Leer para desenvolver o aplicativo CSI. Em 2014 ele estava pronto para ser testado por mais de 2.500 participantes nas cidades de Recife, Rio de Janeiro e São Paulo, por meio das ONGs UFPE / Shine-a-Light, Instituto Bola Pra Frente e Nepsid. O Instituto Igarapé fornece tecnologia e treinamento para as ONGs, interpreta os resultados e devolve os relatórios; as ONGs recolhem os dados e utilizam os relatórios para testar e moldar suas intervenções tanto na prevenção da violência quanto em cuidados infantis.

Nos próximos dois anos o CSI será expandido para pelo menos dez cidades do Brasil e do exterior. O Instituto Igarapé está testando o aplicativo com a WorldVision e está em tratativas com secretarias de direitos humanos em vários estados brasileiros. A CureViolence também manifestou interesse em testar o aplicativo em Chicago e Nova York.

“O CSI é realmente construído em torno de parcerias”, diz o Dr. Muggah. “‘Igarapé’, na verdade, é uma palavra Tupi para ‘pequeno rio’ ou ‘canal’. Vemos o nosso Instituto como um canal que liga as bases aos decisores de elite em nível global. Dito de outra forma, ligamos os pequenos e grandes corpos de água. O CSI foi construído e testado em municípios do Brasil, e pretendemos levar os resultados aqui para os níveis nacional, regional e global.”

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