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Por que parquinhos devem fazer parte de todos os abrigos de refugiados?

A Fundação Bernard van Leer fez uma parceria com o ACNUR – a agência das Nações Unidas para os refugiados – e a AVSI Brasil (Associação Voluntários para o Serviço Internacional) para construir áreas comuns voltadas para a primeira infância em três abrigos de refugiados, em Boa Vista. O projeto reuniu pela primeira vez integrantes parceiros do governo nacional e do município de Boa Vista junto com a sociedade civil e o ACNUR.

Os espaços para brincar oferecem um local destinado exclusivamente para o lazer e promove interações positivas entre crianças e famílias, especialmente para as famílias que passam pela difícil experiência de se ajustar à vida como refugiados. A oportunidade de se movimentar, brincar ao ar livre e conhecer outras pessoas pode ser uma importante estratégia que contribui para uma boa saúde mental.

Boa Vista, a capital do estado mais setentrional do Brasil, Roraima, na Amazônia, está tentando ativamente melhorar seu espaço urbano para crianças pequenas. A capital é parte da Rede Urban95 e vem trabalhando com uma estratégia de parceria plurianual junto com designers urbanos, arquitetos, engenheiros e gestores municipais, com o objetivo de incorporar o foco na primeira infância dentro do planejamento e gestão da cidade.

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Foto: Cortesia de Camila Ignacio Geraldo - ACNUR

Boa Vista está passando por um influxo de migrantes, pois está localizada próxima a fronteira com a Venezuela, uma das maiores fontes mundiais de deslocamento transfronteiriço. Os abrigos para refugiados são muitas vezes considerados alojamentos temporários, por isso não estão equipados com áreas comuns – incluindo espaços para brincar. No entanto, é preciso lembrar que às vezes as crianças podem acabar passando toda a sua infância nestes lugares.

A Fundação Bernard van Leer fez uma parceria com o ACNUR – a agência das Nações Unidas para os refugiados – e a AVSI Brasil (Associação Voluntários para o Serviço Internacional) para construir áreas comuns voltadas para a primeira infância em três abrigos de refugiados, em Boa Vista. O projeto reuniu pela primeira vez integrantes parceiros do governo nacional e do município de Boa Vista junto com a sociedade civil e o ACNUR.

Segundo José Egas, representante do ACNUR no Brasil:
“Para uma criança ou adolescente refugiado, o deslocamento forçado pode ser traumático. Parques e áreas de lazer estimulam o desenvolvimento cognitivo, social e da autoestima”, diz ele.

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Foto: Cortesia de AVSI Brasil

Projetando espaços para brincar junto com as crianças

A equipe responsável pela infraestrutura do município projetou novos espaços públicos com a intenção de incentivar o desenvolvimento cognitivo e motor das crianças pequenas. Os espaços incorporam materiais reciclados sempre que possível em seus ambientes, eles são coloridos com as cores do arco-íris, têm construções como obstáculos, pirâmides e túneis, além de texturas diferentes, incluindo superfícies de areia, concreto e vinil para adicionar dimensões sensoriais. Há também áreas para praticar esportes.

A localização dos três parquinhos – nos abrigos para refugiados chamados Rondon 1, Rondon 3 e Pricumã – foram selecionados com base no número de famílias que tem crianças. No momento que escrevemos este artigo, os espaços atendiam pelo menos 1.300 crianças refugiadas. Antes de criar os espaços, os colaboradores do projeto perguntaram às crianças migrantes sobre como elas gostam de brincar para entender melhor suas necessidades. Eles entrevistaram cerca de 200 crianças e fizeram oficinas separadas de acordo com a idades delas, com grupos de 2, 3–4 e 5–6 anos.

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Foto: cortesia da AVSI Brasil

Construindo espaços públicos para toda a comunidade

Os parquinhos de diversão são usados mais do que apenas por crianças pequenas: eles se tornam espaços públicos valorizados por toda a comunidade. As crianças mais velhas jogam futebol nas áreas destinadas ao esporte, os pais usam os bancos para sentar e conversar enquanto os filhos brincam, e os adultos mais velhos aproveitam a área de exercício. A responsabilidade pela manutenção dos playgrounds ficaram nas mãos dos membros da comunidade.

Atualmente, a Fundação está trabalhando junto com a AVSI e o Ministério da Cidadania na construção dos parquinhos, colocando em prática uma metodologia, através de intervenções em grupo de gestantes e mães de crianças pequenas, que busca promover o desenvolvimento da primeira infância dentro dos abrigos. Também estamos investindo na criação de um protocolo nacional para orientar os municípios como integrar melhor os refugiados dentro de seus serviços.

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